A tecnologia a serviço da saúde mental

Wagner Gattaz afirma que os padrões já conhecidos sugerem um cenário alarmante quando o Coronavírus passar. “Num intervalo de 12 meses, 20% das pessoas vão apresentar algum transtorno de ansiedade, 11% terão um episódio depressivo, 4% vão desenvolver abuso de álcool e cerca de 15% terão burnout. Os custos globais (da doença mental) em 2030 vão somar US$ 6 trilhões por ano”.

Por que as pessoas adoecem nas organizações?

Wagner Gattaz, CEO da Gattaz Health&Results, explica os motivos pelos quais as pessoas adoecem nas organizações e o custo da doença mental, entre elas a depressão e o estresse, para economia da empresa.

A depressão é a maior causa de queda de produtividade no trabalho

A depressão é uma doença que se caracteriza por um período mínimo de duas semanas em que a pessoa se sente triste, melancólica ou “para baixo”, com sensações de aperto no peito (angústia), inquietação (ansiedade), desânimo e falta de energia. O indivíduo sente-se apático, perde a motivação, acha tudo sem prazer ou sem sentido, torna-se pessimista e preocupado. Tal estado afeta o organismo como um todo e compromete o sono, o apetite e a disposição física. O risco de adoecimento ao longo da vida é de 10% para homens e 15% para mulheres. Hoje no mundo cerca de 350 milhões de pessoas sofrem com uma depressão.

Todavia, a depressão é, de todas, a doença mais sub-diagnosticada, sendo que 45% de pessoas com depressão não tem um diagnóstico, e portanto não recebem um tratamento adequado. Obviamente isto ocorre também dentro das empresas, causando o sofrimento de seus funcionários e as perdas econômicas mencionadas acima. Estudos mostram que programas de saúde mental aumentam a qualidade de vida e os lucros das empresas.

Depressão resistente: o que fazer quando o antidepressivo não funciona

"Depressão resistente é quando o paciente, após tratamento com duas classes diferentes de antidepressivos, por mais de seis semanas e em doses terapêuticas, não apresenta melhora", explica o psiquiatra Wagner Gattaz.

Hoje fazemos um exame genético que detecta as diferenças individuais no metabolismo dos medicamentos. "Esse exame aumenta a probabilidade de um acerto de medicamento ou dá a orientação para um ajuste de dose", afirma Gattaz.

Está sendo lançado no Brasil um novo antidepressivo, a escetamina, que é aplicada como spray nasal. Ele tem ação ultrarrápida e boa tolerância. Esse medicamento pode representar a quarta revolução no tratamento da depressão. A primeira foi a eletroconvulsoterapia, nos anos 1930; a segunda, os antidepressivos tricíclicos, nos anos 1950, e a terceira, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina nos anos 1980", complementa o psiquiatra do IPq-USP.

Burnout, doença além da moda

Esgotamento físico e emocional, distanciamento das pessoas e uma insatisfação consigo mesmo e com o próprio trabalho. Esses sintomas podem ser indicativos da síndrome do burnout, um termo muito falado na atualidade, principalmente durante a pandemia. Mas muito longe de ser uma palavra inofensiva, o burnout se tornou uma preocupação, dentro e fora das empresas.

"Não é moda, é doença", destaca Wagner F. Gattaz, presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Ele fala também sobre as diferenças entre esta síndrome, a depressão e o estresse do dia a dia, além da relação que a doença adquiriu com o isolamento social e o home office.

Custo Global dos Transtornos Mentais

Wagner Gattaz, professor da Universidade de São Paulo (USP), alerta que os transtornos mentais custam globalmente cerca de 3 trilhões de dólares, com 2/3 desse valor relacionados à perda de produtividade. Uma pesquisa da Gattaz Health & Results destaca altos índices de sintomas de burnout, ansiedade e depressão entre trabalhadores no Brasil. O médico identifica fatores de risco no ambiente corporativo e destaca a importância de investir em suporte psicossocial para aprimorar indicadores. A saúde mental de educadores também é abordada, evidenciando desafios pós-pandemia e a necessidade urgente de apoio especializado.